Lamana Camargo

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São Paulo, SP, Brazil
jornalista, consultor de marketing, 44 anos, casado, brasileiro, palmeirense

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Investimento publicitário cresce, apesar da crise


O Estado de S. Paulo -
Marili Ribeiro - 20 de Julho de 2009
Para publicitários, aumento de 5% no primeiro semestre, embora[br]menor que o de anos anteriores, mostra que setor vem reagindo bem

O mercado publicitário fechou o semestre com crescimento de 5%, segundo dados do Ibope Monitor, com os investimentos de R$ 28 bilhões no período. Se não chega a ser um número nos níveis registrados nos últimos anos, o mercado publicitário acredita que, pelo menos, ficou longe de ser uma catástrofe. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade, Luiz Lara, o valor mostra que o mercado consumidor reagiu bem às iniciativas do governo e acena com um segundo semestre mais sereno.

"Ainda será um ano difícil", diz Lara. "Repetiremos no fim do ano um índice de expansão não muito diferente do obtido no primeiro semestre." Lara faz questão de dizer que não se trata de um ataque de pessimismo, mas apenas de observação do cenário geral. "Mas é claro que, diante de mercados como o europeu, onde os investimentos encolheram 35%, ou do americano, onde a inadimplência de alguns anunciantes chega a 50%, o Brasil é um paraíso.

"Os números do Ibope Monitor também confirmam o que os executivos do setor vinham apontando, como o aumento da participação da televisão aberta no bolo publicitário em quase 13%, movido pelas promoções para estimular vendas, e também o avanço da internet em mais de 20%. Essa última, como reconhecem alguns, motivada pela redução da verba de anunciantes, que deixam outros canais aonde os custos de veiculação são maiores. "Os grandes clientes em geral não promoveram migração de verbas", diz Marcos Quintela, presidente da agência Young & Rubicam, que lidera o ranking das maiores agências do País. "Mas, nos clientes menores e que tiveram de reduzir verbas, houve um movimento de concentração de esforços na publicidade online."

Embora ainda longe do vigor que vinha apresentando nos últimos anos, alguns segmentos mostram sinais de recuperação. O de imóveis, por exemplo, que foi um dos mais duramente atingidos pela crise, volta a apresentar algum crescimento, motivado principalmente pelos programas de incentivo do governo. Consequentemente, as empresas também começam a voltar para a mídia.

O grupo Eugenio, um dos maiores na área de marketing imobiliário no Brasil, sentiu na carne a retração dos negócios e se viu obrigado a demitir 120 funcionários e a promover uma reorganização de sua empresa. Mas o início de retomada nos negócios está aliviando o que parecia dramático, na opinião de Maurício Eugenio, presidente do grupo. "A crise não foi de consumo, foi de produção. As empresas viram o seu valor derreter na Bolsa de Valores. Mas o governo priorizou a indústria imobiliária e já estamos sentindo os reflexos", diz.

Segundo ele, as vendas de imóveis não devem voltar aos níveis anteriores à crise. O valor médio das compras também deve cair bastante, já que a produção para a classe média alta começa a dar lugar para a baixa renda. Mesmo assim, Eugenio está otimista e voltou a contratar. Acredita que, até o fim do ano, vá abrir 40 novos postos.
O fluxo de trabalho nas agências de publicidade e produtoras se mantém por conta de categorias que, até agora, se viram menos afetadas pela crise e receberam algum estímulo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

O consumo interno é apontado como um dos responsáveis por uma retomada das contratações nas agências. A diferença é que os padrões salariais são outros, mais baixos. Consultores dizem que esse novo patamar veio para ficar e muitas agências fizeram ajustes para reorganizar suas estruturas, e nem tanto por perda de faturamento.