Lamana Camargo

Minha foto
São Paulo, SP, Brazil
jornalista, consultor de marketing, 44 anos, casado, brasileiro, palmeirense

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Quem é o consumidor multicanal?

Cobertura World Retail Congress - WRC
ESCRITO POR TICIANA WERNECK, DE BERLIM
QUA, 27 DE OUTUBRO DE 2010 00:40
http://www.cmnovarejo.com.br/institucional/cobertura-world-retail-congress-wrc

Foi essa a pergunta que Alan Treadgold, chefe de estratégias em varejo da Leo Burnett, se prontificou em responder durante sua palestra. A empresa realizou uma pesquisa com mais de cinco mil consumidores nos Estados Unidos, Inglaterra e França.

86% deles usam mais de um canal para comprar e por isso já se encontram na categoria comprador multicanal - entenda-se por multicanal as diversas opções que existem para realizar compras como loja, internet, celular, telefone, catálogo.

São seis os arquétipos do comprador multicanal:

* Strategic saver (poupador estratégico) - é um caçador de preços, troca facilmente de marca.
* Dollar Defaulter ("devedor" ou "desprovido" de dólares) - é levado pelo preço, amante de marcas próprias.
* Opportunistic Adventurer (aventureiro oportunista) - é o caçador de tesouros, gosta de caçar barganhas, adora passear por shoppings.
*Efficient Sprinter (velocista eficiente) - é prático, quer economizar tempo, segue lista de compra.
*Savvy Passionista (apaixonado astuto) - tem prazer em gastar, segue tendências, aprecia a experiência da compra. É entusiasta de marcas.
*Quality devoted (dedicado à qualidade) - é leal a marcas, valoriza qualidade, está sempre bem informado sobre novidades.

Treadgold ressaltou que a predominância de cada arquétipo não é estática, ela varia conforme a categoria do produto. E para quem previa a morte da loja, uma notícia importante: 50% dos ouvidos pela Burnett preferem a loja para fazer compras, outros 43% disseram que podem até comprar online, mas não abrem mão da experiência de tocar e sentir um produto antes de comprar.

- - - - - - - - - - -

O varejo e o mundo

Evento mundial de varejo, WRC, que acontece em Berlim, discute panoramas econômicos, tendências e inovação.

Cerca de 1.100 pessoas circulam pelo World Retail Congress, evento que acontece entre os dias 25 e 27 de outubro em Berlim. É um público recorde - são pessoas de todo o mundo. Com uma Europa em recuperação, a demanda por previsões econômicas, inovação, oportunidades e informações sobre novos mercados é imensa.

Pela manhã era grande o interesse por uma pesquisa que traçou os hábitos de consumo de mídia dos britânicos, que mostrou que após a crise eles querem ler sobre: finanças pessoais, saúde e bem estar, e segurança. Em contrapartida, não tem mais tanto interesse pelos cadernos de turismo, automóveis e imóveis. O levantamento vem sendo feito há oito anos pela FD Consumer Dynamics, e deixou claro o apetite por notícias densas e analíticas - nada de escapismo. "Eles querem ler notícias que falam sobre sua realidade e sua comunidade, tudo com positivismo", disse Guy Bellamy. Interessantemente, é esse também o interesse dos congressistas do WRC.

O principal painel da manhã trouxe Ira Kalish, diretor global da Deloitte, com um panorama econômico sobre o varejo no mundo. Estados Unidos e Europa continuam sua recuperação, com gastos cada vez menores em itens dispensáveis. O foco das empresas varejistas deve ser melhorar o relacionamento e a experiência de compra de seu consumidor, e seu branding.

Segundo ele, o Brasil cresceu muito rápido e de forma insustentável. 2011 será um ano mais lento para nós. "A Índia tem a melhor performance a longo prazo entre os BRIC graças ao enorme contingente de jovens, gastos crescentes com consumo, rápida modernização do varejo, e grande investimento interno", disse. A China não tem o trunfo "contingente de jovens" a seu favor, e embora o varejo cresça de forma espetacular no interior do país, também devera experimentar um 2011 mais lento. A Rússia tem futuro incerto ainda.

Estavam no painel também representantes de importantes redes de varejo como Marks & Spencer, HSN e Espirit. Para Heinz Krogner, presidente da Espirit, o foco do varejo, mais do que nunca, deve estar no seu target: "dar ao seu consumidor o que ele quer". Crescer é essencial. "Crescer não é opcional, é obrigatório, senão você é engolido. Mas para isso não adianta aumentar o preço, mas sim ser mais ágil, se movimentar mais rápido que seus concorrentes".

Outro painel falou sobre multicanais. O uso de vídeos como uma ferramenta para expor melhor as peças foi o grande destaque. Asos, Next e French Connection ja fazem isso muito bem. Esta ultima, por meio do canal Youtique, no You Tube, posta vídeos com opções de peças para cada ocasião. Num campo ao lado do vídeo estão fotos das peças mostradas, é só clicar para comprar. Outro detalhe faz toda a diferença: ter espaço para os consumidores postarem comentários sobre cada item. O impacto em vendas é tremendo. Para a Marks & Spencer, representou 400% em conversão de vendas.

Nesse momento seis universidades disputam o voto do júri pelo título de "Projeto Desafio do Futuro Varejo". Entre as concorrentes estão a Fashion Institute of Technology, de Nova York; Rikkyo University de Toquio, e outras de Mumbai, Milao, Londres e Hong Kong, que neste ano tiveram como desafio apresentar projetos varejistas que representem o valor da marca de suas cidades. O resultado sai amanhã.