Lamana Camargo

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São Paulo, SP, Brazil
jornalista, consultor de marketing, 44 anos, casado, brasileiro, palmeirense

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Disputa mais quente na produção de comerciais


Com demanda em baixa no exterior, grupos estrangeiros focam o Brasil
O Estado de S Paulo - Segunda-Feira, 03 de Agosto de 2009 - Marili Ribeiro


O mercado de produção de comerciais no Brasil está cobiçado. A retração da demanda no exterior tem feito empresas que antes filmavam apenas para clientes internacionais buscarem trabalhos por aqui. A Paradiso Films, que fazia 15 filmes por ano, avalia que fechará 2009 com metade dessa produção habitual. "O cenário é péssimo", resigna-se James Lloyd, sócio fundador da empresa. "Os anunciantes querem fazer o mesmo com 60% do orçamento, o que é inviável."

Assim como a Paradiso, a premiada produtora americana Hungry Man, com quase 12 anos de estrada e vários Leões em Cannes, tem somente um escritório no Rio de Janeiro. Quer agora dobrar seu faturamento no Brasil. Para tal, vai abrir outra unidade em São Paulo, como anunciou o sócio-fundador Bryan Buckley, há duas semanas no País filmando um comercial para o chocolate Twix, da companhia Mars.

No caso da Paradiso, o Brasil sempre surge como cenário de suas produções em anúncios que raramente são vistos por aqui. Realizados para anunciantes como as empresas automobilísticas Mercedes-Benz, BMW, Mazda e Land Rover; ou as indústrias de bebidas Coca-Cola, cervejas Carlsberg e Guinness; as de telefonia Vodafone e LG; e ainda calçados esportivos Asics e a empresa de cartões Mastercard, as produções mais grandiosas custam entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão.

Em um comercial da Coca-Cola, por exemplo, os profissionais da Paradiso transformaram a praia de Maringá, no litoral norte do Rio de Janeiro, em uma cidade do velho oeste americano. O resultado final agradou. E, melhor, a empresa pagou, no mínimo, 50% menos do que gastaria nos EUA, uma das vantagens de países como o Brasil, Argentina, República Checa e África do Sul. "Aqui temos ainda a vantagem de, além dos custos menores, contar com elenco de perfis dos mais variados e de equipes de bom nível técnico", diz o inglês Lloyd que se associou ao brasileiro Marcos Menescal para fundar a Paradiso há cinco anos.

A variedade de tipos físicos para figurantes permitiu que o comercial em comemoração aos 250 anos da cerveja Guinness fosse quase todo filmado no Brasil, com apenas algumas cenas tomadas no Chile. "Gravamos no bairro de Brasilândia e na Praça do Patriarca", brinca Lloyd. "Quem nos contrata sabe que São Paulo pode passar por uma cidade anônima."

Muitas vezes também, há tarefas extras para convencer o consumidor do país onde o anúncio será veiculado que o que está vendo se refere ao seu universo. Caso do comercial para o automóvel Mazda, rodado próximo ao Edifício Copan, no centro velho de São Paulo. Para fazer o filme, a produtora asfaltou a rua para que ficasse compatível com o asfalto das ruas americanas, de qualidade superior. Também para a Mazda, a Paradiso acarpetou parte da rua Oscar Freire.

Toda essa expertise os profissionais da Paradiso estão oferecendo agora ao mercado brasileiro "Podemos nos adaptar à forma como se trabalha aqui", diz Lloyd, referindo-se aos orçamentos fechados, com preços de contratos por tarefa. A sua produtora, voltada para o exterior, opera com orçamentos abertos, em que o preço de cada item necessário para a produção é aberto para a agência e para o anunciante. Prática que o mercado aqui não adota.

CONTRAPÉ

Se produtoras focadas no exterior querem aproveitar a boa onda interna, quem opera voltado para dentro quer abrir horizontes. A BossaNovaFilms, há quatro anos em atividade, busca parcerias externas e o mercado latino para crescer na Argentina, Chile, México, Uruguai e Venezuela. Irma ?Jimmy? Palma, sócia da empresa, diz que, apesar da contração da verba publicitária ocasionada pela crise mundial, a BossaNovaFilms conseguiu manter suas expectativas no primeiro semestre e atingiu faturamento 22% maior que no mesmo período de 2008. A receita publicitária responde por mais de 60% do faturamento da empresa. A internet, apesar da expansão, tem apenas 8% de participação. Produções de conteúdo para cinema e televisão somam o restante.

O atendimento aos clientes internacionais está em compasso de espera. "Os projetos do exterior aumentaram em procura, mas dificilmente se concretizam. A maioria foi suspensa, com a intenção de se retomar no segundo semestre."

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